Intimidade - A energia que nos conecta pela eternidade
- Marcel Walbert
- 5 de mar.
- 17 min de leitura
Atualizado: 12 de mar.
Parte 1
O Chamado da Intimidade
Intimidade, uma palavra que passa despercebida, como se fosse apenas um detalhe nos relacionamentos. Mas não é. Como professor de autoconhecimento, percebo que toda jornada de consciência, toda busca por compreender a si mesmo, tem um destino inevitável: a intimidade. Sem ela, não há crescimento real.
Quando comecei a explorar esse tema, testando na minha própria vida, ficou evidente que as pessoas não sabem ser íntimas. Elas se aproximam, compartilham tempo, histórias, até segredos… mas seguem distantes. Porque intimidade não é apenas proximidade. Não é sobre saber tudo sobre alguém, nem sobre estar sempre presente.
Intimidade é atravessar camadas. É o instante raro em que nos despimos da necessidade de controle e simplesmente somos. Sem máscaras, sem defesas. E, nesse espaço, permitimos que o outro também seja quem ele é.
Mas isso assusta. Porque, para sermos íntimos de alguém, primeiro precisamos ser íntimos de nós mesmos. E isso exige coragem.
Esse texto é um convite. Um chamado para enxergar a intimidade como a chave do crescimento pessoal e dos relacionamentos verdadeiros. Se você já sentiu que, apesar de estar perto, ainda falta algo—esse algo pode ser a verdadeira intimidade.
Escute o chamado
Quando falo que a intimidade nos liga pela eternidade, não estou dizendo porque vai durar para sempre no tempo cronológico, mas porque aquilo que foi vivido intensamente nunca se perde. Porque cada experiência real nos modifica de um jeito que não podemos voltar atrás.
Para percorrer o caminho até essa experiência, vamos falar sobre o autoconhecimento, porque sem ele não há entrega verdadeira. Vamos falar sobre autorresponsabilidade, porque a intimidade precisa ser uma escolha consciente. E, por fim, vamos entender como, ao nos despirmos perante o outro, encontramos algo maior do que imaginávamos: a liberdade de ser e de permitir que o outro também seja.
Parte 2
O Assunto começa com você mesmo
(Autoconhecimento, auto responsabilidade e discernimento)
Relacionamentos sem autoconhecimento jamais alcançaram a intimidade.
Se a intimidade é um encontro genuíno entre dois seres, então o primeiro passo para vivê-la é conhecer a si mesmo. Porque ninguém pode se entregar ao outro sem antes ter se encontrado consigo. Ninguém pode permitir que o outro seja, sem antes ter permitido a si mesmo ser.
Quando você se relaciona com alguém sem autoconhecimento, você dá brechas para que o outro invada sua vida e, sem querer, te manipule. E a manipulação aqui não é algo necessariamente consciente; ela pode ocorrer de forma sutil, mas acontece, pois o outro sempre vai querer que você seja o que é melhor para ele.
Sem entender suas próprias motivações, desejos e limites, você se torna vulnerável à influência externa. Você pode se perder nas expectativas alheias, sendo forçado a se moldar para se encaixar no que o outro deseja. E é aí que o conflito surge: a intimidade, que deveria ser um espaço de troca verdadeira, de conexão profunda, vira um terreno onde a essência do que você é se perde.
Sem autoconhecimento, você não consegue defender a sua verdade. Você acaba permitindo que o outro te molde, e isso cria uma barreira invisível entre vocês. A intimidade se distancia, pois ela exige que você seja fiel a si mesmo, que tenha clareza de quem você é, para que, a partir disso, possa se entregar ao outro sem medo, sem tentativas de mudar ou ser mudado. Quando você não se conhece, você não pode realmente se abrir, e a verdadeira intimidade fica apenas no campo da aspiração.
Por isso, o autoconhecimento é importantíssimo. Ele é o alicerce que te permite se proteger das influências do outro, mesmo que seja em nome da boa intenção e, mais importante, te dá a liberdade para ser quem você é. Só assim, com essa liberdade, você pode se permitir viver uma intimidade genuína.
O autoconhecimento não é um luxo, nem um estágio avançado da vida. Ele é o alicerce de qualquer relação verdadeira. Sem ele, nos movemos pelo mundo carregando máscaras, buscando nos encaixar em expectativas, tentando ser aquilo que acreditamos que devemos ser e, com isso, inevitavelmente projetamos essa mesma cobrança sobre os outros.
A coragem de se encarar
O autoconhecimento te leva inevitavelmente ao confronto com sigo mesmo. Coragem de se olhar sem filtros e sem as narrativas que construiu para si mesmo.
Olhar para dentro significa ver suas potências, mas também suas limitações. Significa perceber os padrões que te aprisionam, os medos que te paralisam, as feridas que ainda doem.
E esse processo pode ser bem desconfortável. Porque, às vezes, descobrimos que não somos exatamente como gostaríamos de ser. Percebemos que há partes nossas que evitamos, que negamos, que escondemos até de nós mesmos. Mas se queremos uma intimidade real com alguém, precisamos primeiro ser íntimos de nós mesmos. Isso significa não apenas reconhecer quem somos, mas aceitar quem somos.
Auto aceitação: A Chave para aceitar o outro como ele é
Se há algo que impede a intimidade, é a tentativa de mudança forçada – tanto de nós mesmos quanto do outro.
Quando não nos aceitamos, passamos a vida tentando nos consertar. Tentamos ser “melhores”, nos encaixar em padrões externos, reprimir o que não gostamos em nós. E essa mesma lógica se estende às nossas relações: se não aceitamos nossas imperfeições, não suportamos as imperfeições dos outros. Se vivemos em guerra com quem somos, exigimos que o outro mude para nos satisfazer.
A auto aceitação é libertadora. Não significa estagnação, nem se conformar. Significa reconhecer que você é um ser em construção, mas que já é inteiro agora. Significa parar de lutar contra si mesmo e, finalmente, fazer as pazes com quem você é.
E, quando você se aceita, algo mágico acontece: você passa a aceitar o outro também. Sem a necessidade de transformá-lo, sem a necessidade de encaixá-lo em seus moldes. Você entende que cada pessoa carrega sua própria jornada, seus próprios desafios, sua própria forma de ser. E, a partir desse espaço, plantamos a semente da verdadeira intimidade.
O autoconhecimento não é um destino final. Ele é um caminho. Um processo contínuo de olhar para dentro, de aceitar-se, de libertar-se das próprias amarras. Mas é esse caminho que nos dá a base para o próximo passo: a auto responsabilidade. Porque, ao nos conhecermos e nos aceitarmos, passamos a compreender que a nossa experiência no mundo – e nos relacionamentos – não depende do outro, mas sempre de nós.
A Intimidade passa pela auto responsabilidade
E é aqui que o jogo realmente começa a mudar. Auto responsabilidade significa ter a capacidade de olhar para a sua vida e entender que tudo o que acontece com você tem a ver com você. Isso pode parecer um pouco pesado à primeira vista, mas é libertador. Quando você assume 100% da responsabilidade pela sua vida, pelas suas escolhas, pelos seus sentimentos e pelas suas reações, você começa a perceber uma verdade fundamental: você é o criador da sua própria realidade.
Esse processo exige coragem, porque não é fácil olhar para tudo que acontece e entender que, de alguma forma, aquilo foi atraído ou gerado por você. Se algo deu errado em um relacionamento, se você se sentiu ferido ou desrespeitado, o primeiro passo é parar de culpar o outro. Em vez disso, pergunte-se: o que eu posso aprender com isso? Como essa situação reflete algo sobre mim que ainda preciso curar ou entender melhor?
A auto responsabilidade vai te ensinar a não colocar a culpa no outro, mas também a não delegar a responsabilidade dos seus sentimentos e ações para ninguém. Quando você faz isso, você entende que “o outro não tem QUE nada”. E, com isso, você se liberta da necessidade de tentar controlar ou mudar o outro. Você aceita o outro como ele é, e mais importante, você se aceita com os seus próprios erros e limitações.
Quando você chega nesse ponto, a magia acontece: você se torna capaz de se abrir verdadeiramente para o outro, pois você já não está mais sobrecarregado com a necessidade de se justificar o tempo inteiro para controlar o comportamento alheio. Você passa a ver com clareza o que é sua responsabilidade e o que é responsabilidade do outro. E, ao entender essa distinção, você finalmente consegue se entregar de uma forma genuína. Você permite o outro ser quem ele é, com seus defeitos e qualidades, e você, por sua vez, se permite ser quem você é, sem medo de ser criticado ou rejeitado.
No final você sempre ficará com o que é seu e o outro ficará com que é dele.
Isso é liberdade! E, quando você alcança essa liberdade interior, a intimidade ganha uma nova dimensão. Não é mais sobre tentar agradar o outro ou mudar o outro para se sentir bem. Não é sobre manipulação, controle ou dependência. É sobre estar em um espaço onde ambos podem ser íntegros, com suas verdades, com seus desafios, e, ainda assim, se conectar profundamente. Isso é mágico, porque a verdadeira intimidade acontece quando você é responsável por sua própria jornada e, ao mesmo tempo, permite que o outro seja responsável pela dele. E, nesse espaço de respeito mútuo, as experiências compartilhadas se tornam profundíssimas e transformadoras.
A liberdade é o alicerce que sustenta qualquer tipo de relação íntima genuína. Para que você possa se entregar ao outro de verdade, é essencial que você tenha liberdade para ser quem você é. Isso significa ser livre para expressar seus anseios, suas necessidades, suas preferências, e também seus limites. Em um relacionamento íntimo, você não pode se permitir viver na prisão do “eu tenho que agradar o outro”. Pelo contrário, você precisa ter a liberdade de dizer o que você gosta e o que você não gosta, mesmo que nem você tenha muita clareza disso. A intimidade não é sobre se anular para o outro e muito menos anular o outro para satisfazer a si mesmo, mas sobre se permitir ser autêntico e, ao mesmo tempo, respeitar a autenticidade do outro.
Agora, essa liberdade não é algo que vem de forma automática, ela precisa ser cultivada através do tempo de relacionamento. E para isso precisamos desenvolver o senso de discernimento.
Discernimento - em que momento devo ceder
Sabemos que todo relacionamento envolve fazer acordos e concessões. Claro, já que a única forma de dois mundos completamente distintos construirem algo juntos é negociando condições que fiquem o mais confortável possível para ambos. Portanto, antes de se preocupar em exigir condições ao outro, primeiro precisamos fazer uma autoanálise, para saber o que realmente temos para trocar.
Discernir é ter a capacidade de se autoanalisar, de perceber o que é importante para você e o que não é. O que é realmente essencial na sua vida, o que é negociável, o que você pode abrir mão sem perder sua essência e o que não pode ser negociado de jeito nenhum. O discernimento é uma ferramenta vital quando se trata de intimidade, porque ele te ajuda a entender as suas próprias necessidades e a identificar as situações em que você está cedendo por medo, por insegurança, ou para manter a paz à custa de sua verdade.
Quando você não tem esse discernimento bem desenvolvido, fica muito fácil se perder na relação, se deixar manipular ou ceder a coisas que são fundamentais para você. E isso, muitas vezes, pode gerar frustração e um sentimento de desconexão consigo mesmo, logo, se sentirá desconectado do outro. Quando você não sabe onde estão os seus limites, você acaba cruzando a linha do que é aceitável para você, e isso vai corroer a sua capacidade de se conectar de forma verdadeira com o outro. Afinal, se você cede o tempo todo, se você se perde no outro, o que sobra de você para o relacionamento? Não há intimidade sem a verdade de quem você é. Lembra?
Portanto, para viver a intimidade de maneira plena, você precisa se conhecer o suficiente para saber o que não é negociável e o que é flexível na sua vida. Com isso, você vai ser capaz de se entregar ao outro sem perder a sua essência. Você vai saber até onde pode ir, sem deixar de ser quem você é. E isso cria um espaço onde a relação pode fluir de forma genuína e profunda, sem disfarces, sem pressões, e sem manipulações.
É nesse espaço de liberdade e discernimento que a intimidade acontece, porque é somente quando você é fiel a si mesmo que você tem a capacidade de se entregar ao outro de uma forma verdadeira e sem reservas. Você não está mais se preocupando em agradar ou em se esconder, você está simplesmente sendo.
Parte 3
Dê a Licença para o Outro Ser Quem Ele É
Atenção, daqui pra frente o texto falará sobre como ter intimidade com o outro, mas não se deixe enganar, tudo que você verá daqui pra frente só é possível se você conseguir ter um nível razoável de autoconhecimento, autoaceitação e a autorresponsabilidade mencionada anteriormente, do contrário toda tentativa de seguir as próximas orientações serão atormentadoramente pesadas, só gerando cobranças e frustrações, pois você tentará fazer com o outro o que ainda não conseguiu fazer com sigo mesmo.
Geralmente, as relações não tem intimidade, não pela falta de amor, mas pela falta de liberdade do outro poder ser quem ele é. Queremos que o outro se encaixe em nossas expectativas, que ele aja conforme o que acreditamos ser o certo, que ele nos dê exatamente aquilo que desejamos. E, ao fazer isso, o sufocamos. O forçamos a ser algo que talvez ele não tenha condições de ser.
Mas a verdadeira intimidade nasce quando deixamos de lado essa necessidade de controle. Quando olhamos para o outro e dizemos, mesmo que silenciosamente: eu te vejo. Eu te aceito. Eu te respeito. Eu permito que você seja, como você é.
Isso não significa que concordamos e aceitamos tudo. Mas significa que respeitamos a existência do outro em sua totalidade. Que permitimos que ele nos mostre seu mundo, assim como mostramos o nosso.
A intimidade acontece na vulnerabilidade
Agora que falamos sobre o autoconhecimento, a auto responsabilidade e discernimento, chegamos ao ponto mais desafiador, mas também o mais transformador: a intimidade. A intimidade não é um estado que se alcança de forma simples ou sem esforço. Na verdade, ela surge no terreno da vulnerabilidade, e é justamente nesse espaço onde os conflitos vão aparecer. E sabe por quê? Porque a intimidade exige que você se exponha, que se permita ser quem você é diante do outro, sem máscaras, sem artifícios, sem controle. Isso é extremamente desafiador, mas também é uma verdadeira oportunidade de crescimento.
Na intimidade, você vai se deparar com situações que vão tocar as suas feridas mais profundas. E não se engane: esses conflitos, esses embates, são a essência do processo. São eles que vão testar se o que você construiu até aqui – o seu autoconhecimento, a sua auto responsabilidade e o seu discernimento – é real e sólida. Porque em um relacionamento íntimo, o outro se torna um espelho, refletindo as suas sombras, suas inseguranças, seus medos, e até mesmo as suas projeções. Ao mesmo tempo, o outro também vai te mostrar o que você tem de mais belo, o que você ainda não viu em si mesmo, e a forma mais pura de amor e aceitação.
É por isso que, ao buscar a intimidade, você está se abrindo para o desafio de aprender a lidar com os conflitos de maneira consciente. Esses conflitos são inevitáveis, e é aqui que você vai precisar de todos os alicerces que já construímos anteriormente. Quando você se conhece bem, você não vai mais projetar as suas frustrações no outro. Você vai ser capaz de ver os conflitos como uma oportunidade de crescimento mútuo, não como uma ameaça à relação. Quando você assume total responsabilidade pelo que sente, você não vai culpar o outro pelos seus próprios desconfortos, mas vai conseguir mostrar o quanto está desconfortável sem exigir que o outro faça algo a respeito.
É nas decepções que somos mais íntimos
Os conflitos na intimidade não são para ser evitados, mas entendidos e trabalhados. Eles são a oportunidade de colocar tudo o que você aprendeu sobre si mesmo em prática. E, mais importante, são o campo fértil onde a verdadeira conexão acontece, não pela perfeição, mas pela capacidade de se entregar ao outro, com todos os desafios, imperfeições e diferenças que ele traz consigo.
A intimidade, portanto, é a união dos opostos, o momento de aceitar que, ao mesmo tempo que você ama e compartilha, você também sente raiva e se decepciona, tudo faz parte. Mas, ao invés de ser algo que te afasta, os conflitos se tornam a essência do crescimento conjunto. A intimidade não é sobre evitar os problemas, mas sobre ser capaz de se manter fiel ao que você é e ao que o outro é, mesmo quando as coisas ficam difíceis. E é através desses momentos de conflito que o relacionamento se torna cada vez mais profundo, porque é aí que o verdadeiro amor e a verdadeira conexão se revelam.
Na intimidade, não existe a pessoa certa
A ideia de encontrar a pessoa ideal é uma ilusão quando falamos de intimidade verdadeira. Porque intimidade não é sobre encaixar alguém em nossas expectativas, mas sobre atravessar a nós mesmos em qualquer encontro.
Cada ser humano que cruza nosso caminho carrega um universo único. Se escolhemos viver a intimidade, escolhemos, ao mesmo tempo, transcender a necessidade de escolher a pessoa certa. Isso acontece porque, quando estamos firmes no nosso alicerce de autoconhecimento, auto responsabilidade e discernimento, o processo de afinidade acontece naturalmente. Não é algo que precisamos controlar ou mentalmente planejar. Nossa própria maneira de existir, espontânea e autêntica, atrai aqueles que ressoam a mesma energia naquele momento.
Para isso eu dou o nome de magnetismo. O meu campo energético, a maneira como me movo no mundo, já começa a selecionar, sem que eu precise fazer isso racionalmente. Eu não preciso me preocupar em escolher quem será íntimo de mim. Preciso apenas estar aberto à intimidade, com quem quer que seja.
Se escolher a pessoa certa ainda parece essencial para você, esse é um sinal claro de que ainda está atrás de máscaras. Se olhar para alguém tentando decidir se ele é ou não a pessoa certa, é porque, lá no fundo, ainda você se faz essa pergunta sobre si mesmo. Ainda duvida da sua própria autenticidade. "Será que eu sou a pessoa certa para viver a intimidade com alguém?”
Quando me aceito por inteiro, me liberto dessa necessidade. Deixo de analisar, julgar, medir. E, nesse instante, a intimidade acontece.
Parte 4
A Intimidade acontecendo
Chegamos ao ápice da intimidade, e é aqui que o conceito realmente se revela: a intimidade não é sobre mudar o outro, mas sobre ser transformado por ele. Quando você escolhe se aproximar de alguém de forma íntima, você não está buscando que essa pessoa se encaixe nos seus ideais ou expectativas. O verdadeiro desafio da intimidade é aceitar que o outro não precisa ser como você quer, e, ainda assim, ser profundamente tocado por ele.
A grande chave para entender a intimidade é que não é sobre transformar o outro ou esperar que o outro mude para você se sentir bem. Isso é um erro comum que muitas pessoas cometem. Elas entram em um relacionamento esperando que o parceiro, amigo ou familiar se ajuste ao seu molde, à sua maneira de ser e pensar. No entanto, a verdadeira intimidade acontece quando você se entrega ao outro de forma genuína, aceitando-o como ele é, com todas as suas diferenças, imperfeições e complexidades. Isso é o que torna a relação profundamente rica.
Ser íntimo é se abrir para a experiência com o outro, não para tentar modificá-la, mas para se permitir ser impactado por aquilo que ele te traz. Quando você se aproxima de alguém com essa consciência, você não está mais na posição de querer controlar ou moldar, mas de aprender e crescer com a relação. O outro passa a ser um espelho, não para reforçar suas crenças ou expectativas, mas para refletir a você mesmo de maneiras que você talvez nunca tenha imaginado.
Prepare-se para evoluir
É nesse contexto que a intimidade se torna uma experiência transcendental. Você não vai sair de uma relação que teve intimidade sendo a mesma pessoa que entrou. Você será modificado pela experiência pura e única de estar com alguém que, com sua presença, seus gestos, suas palavras e sua energia, te ensinando algo que você jamais saberia sobre si mesmo se não estivesse nessa relação. E a beleza disso é que, ao mesmo tempo que o outro também vai ser impactado por você, o relacionamento se torna uma dança a dois em que cada um com suas particularidades vai se encaixando no compasso do outro e ambos vão construindo uma orgânica coreografia de constante transformação mútua.
Esse é o grande lance de ser íntimo: não é sobre um querer mudar o jeito do outro, mas sobre se permitir ser modificado pelo outro. E, ao se entregar a essa experiência, você cresce, evolui e expande a sua consciência. A intimidade se torna uma ferramenta de autoconhecimento profundo, não pela imposição de mudanças externas, mas pelo contato genuíno e o acolhimento da diferença.
Quando um relacionamento chega na intimidade, diferente de antes, o outro deixa de ser apenas um espelho de quem você é, e passa a ser uma ferramenta de construção dos próximos passos de sua jornada. Antes o outro servia como espelho porque você mesmo não se enxergava, por isso que digo que a intimidade é transcendental, porque transcende o autoconhecimento e passa a ser uma construção nova de quem você é.
Quando você chega a esse entendimento, a intimidade deixa de ser um campo de disputas ou de tentativas de controle e passa a ser um campo sagrado de troca e crescimento mútuo, onde ambos estão ali para aprender e evoluir, cada um a partir de suas próprias vivências e experiências.
E é nesse espaço de total aceitação e entrega que você encontra o verdadeiro significado da intimidade: a união de duas almas que se reconhecem, se respeitam e se permitem influenciar, sem a necessidade de mudar nada no outro. É esse processo que nos conecta pela eternidade, como mencionei antes. Porque, mesmo quando a relação se desfaz ou se transforma, as marcas profundas que deixamos em cada um se tornam parte de nossa essência, de nosso caminho evolutivo. E isso, por si só, se torna imortal dentro de você.
Um laço eterno
A intimidade nos liga pela eternidade, e aqui está a verdadeira magia dessa conexão: não se trata de permanecer fisicamente com alguém para sempre, mas de carregar a essência dessa vivência ao longo da sua jornada. Quando você compartilha uma experiência íntima com alguém, você não sai dessa relação da mesma maneira que entrou. Você é tocado por ela, modificado por ela, e, muitas vezes, nem percebe de imediato a profundidade dessa transformação. O que fica é uma marca silenciosa, que, mesmo que o tempo passe e os caminhos sigam rumos diferentes, permanecerá em sua essência.
As experiências que você vive com alguém marcam sua alma de uma maneira que transcende o espaço e o tempo. Elas se tornam parte de você, da sua história, da sua evolução. Muitas vezes você só toma consciência da profunda marca deixada em você quando ocorre um rompimento inesperado dessa relação. Já reparou no sentimento que fica quando perdemos alguém?
A intimidade acontece quando você está livre de precisar do outro para se completar ou para se sentir válido. A verdadeira intimidade surge quando você se sente inteiro e, a partir dessa liberdade, escolhe estar com o outro. Não porque você precise dele para preencher algo em você, mas porque você escolhe se abrir e se conectar, para se desenvolver, para aprender e crescer através da troca. Quando você é inteiro em si mesmo, sem a dependência do outro, você se coloca em um estado de escolha consciente. A intimidade se torna uma escolha, não uma necessidade.
Intimidade é escolha consciente
Quando você está disposto a estar com o outro, não porque precise dele, mas porque escolheu compartilhar momentos de evolução com ele, então, a intimidade se torna um caminho de autodescoberta contínuo, um desenvolvimento mútuo onde ambas as partes se ampliam. Nesse processo, a relação deixa de ser uma “necessidade” e se transforma em uma experiência que amplia e liberta, tornando-se um veículo de aprendizado e expansão para ambos.
E é isso que realmente permite a liberdade dentro da intimidade. Ao reconhecer que não há nada para ser preenchido ou completado, que não há dependência ou vazio que o outro precise sanar, você se permite ser vulnerável de uma maneira poderosa. Você se entrega ao outro não por carência, mas por uma escolha consciente de aprender, se expandir e se transformar.
Assim, quando você entende a intimidade dessa forma, não há mais medo ou resistência. A intimidade se torna um espaço onde a liberdade e o crescimento coexistem com a conexão e a troca. Você aprende a se abrir, a ser honesto e a se expor, não com o objetivo de ser aceito ou compreendido, mas com a intenção de realmente viver a experiência com o outro, com o coração aberto, com a mente disposta e com a alma receptiva, na certeza que isso está te fazendo crescer e evoluir.
Intimidade é ser livre para ser quem você é perante o outro e permitir que o outro seja quem ele é perante você.
A intimidade é um ato de liberdade. Não a liberdade para fazer o que quiser, mas a liberdade de ser quem você é, sem medo, sem amarras, e a liberdade de se permitir crescer a partir da experiência do outro. Quando essa liberdade é alcançada, a intimidade não é mais um peso, mas uma experiência leve, profunda e, por que não, transcendental.
E assim, ao final desse processo de entrega e autoconhecimento, você perceberá que a verdadeira intimidade não se mede pelo tempo ou pelas circunstâncias, mas pela profundidade da conexão e pela transformação que ela promove em você. Porque, no final, a intimidade não é sobre possuir ou mudar o outro, mas sobre aprender com o outro e, juntos, evoluir em direção a uma versão mais autêntica e expandida de si mesmos.
Na intimidade nos encontramos, livres, inteiros e prontos para viver, não apenas com os outros, mas viver nós mesmos através do outro.
É por isso que sempre digo: Estamos Juntos Infinito!
Marcel Walbert
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